sexta-feira, 21 de outubro de 2016

OS 25 ANOS DE CARREIRA DE MISIA


















Mísia comemora 25 anos de carreira discográfica com “ Do Primeiro Fado ao Ultimo Tango” que reúne pela primeira vez num álbum só os seus maiores êxitos.

A 18 de Novembro é editado o novo disco de Mísia. Mas não se trata de um disco qualquer! Para além de marcar o regresso de uma das melhores intérpretes de Fado, “Do Primeiro Fado Ao Último Tango” reúne pela primeira vez num só álbum as canções de eleição de Mísia, escolhidas de entre o imenso rol de notáveis composições desta artista.

Com a edição do álbum “Mísia”, em 1991, começa aquilo a que, segundo o jornalista e escritor Manuel Halpern, virá a chamar-se o Novo Fado, escrevendo ele no seu livro “O Futuro da Saudade”, sobre o renascimento do fado: “... A delimitação temporal é sempre difícil. Mas, se nos forçássemos a marcar uma data para o início do Novo Fado, seria Março de 1991, época em que Mísia lança o seu primeiro álbum. Tudo o que está antes é uma espécie de pré-história".

Através de uma selecção feita pela própria Mísia, “Do Primeiro Fado Ao Último Tango” leva-nos numa viagem extraordinária pela sua já longa mas sempre brilhante carreira. Esta viagem permite-nos revisitar “Mísia” – 1º disco de Mísia e que comemora este ano o 25º aniversário da sua edição – “Fado”, “Tanto Menos Tanto Mais”, “Garra dos Sentidos”, “Paixões Diagonais”, “Ritual”, “Canto”, “Drama Box”, “Ruas, Lisbonarium & Tourists” e “Senhora da Noite” sem esquecer os recentes “Delikatessen Café Concerto” e “Para Amália”.

Vinte e cinco anos depois da edição do seu primeiro disco a história de Mísia faz-se de uma mão-cheia de grandes álbuns e de concertos invariavelmente memoráveis um pouco por todo o mundo. E depois há canções que se tornaram um pouco parte de todos nós. As que aqui se recordam no alinhamento desta colectânea são por isso parte da história do Fado dos últimos 25 anos.

ALINHAMENTO:

CD 1 – Do Primeiro Fado ao Último Tango

Fado Advinha II
Dança de Mágoas
O Vendaval
Lágrima
O Manto da Rainha
Duas Luas
Liberdades Poéticas
Garras dos Sentidos
Ainda Que
Autopsicografia
Tive um coração, Perdi-o
Paixões Diagonais (versão piano) feat. Maria João Pires
Que Será feat. Adriana Calcanhotto
Rasto de Infinito
Não Me Chamem Pelo Nome
Veste de Noite Este Quarto
Fado das Violetas
María La Portuguesa
Fado do Ciúme
Yo Soy María                                              

CD 2 - AS ASAS DO CORAÇÃO
Unicórnio
Triste Sina
Amália Sempre e Agora feat. Maria Bethânia
Ciúmes de Um Coração Operário
Fogo Preso
Valsa das Sombras
Fado Triste
Mistérios do Fado
As Time Goes By
Hurt
Esas Lágrimas Son Pocas feat. Dead Combo
Só Nós Dois feat. The Legendary Tigerman
Chanson D’Héléne feat. Iggy Pop
Vivendo Sem Mim
Canção de Alcipe
Da Vida Quero Os Sinais
Presságios de Alfama
Ese Momento
Naranjo en Flor
Cha Cha Cha em Lisboa feat. Melech Mechaya

Sobre a Mísia

Nascida na cidade do Porto, no norte de Portugal, Mísia representa a terceira geração de artistas da sua família. Naturais de Barcelona, em Espanha, a sua mãe e a sua avó materna haviam sido, respetivamente, bailarina de música clássica e artista de music hall e burlesque.

Até aos últimos anos da adolescência, Mísia viveu na sua cidade natal, cantando ocasionalmente em casas de fado, sempre como amadora.

Quando tinha quase 20 anos, mudou-se, por motivos familiares, para Barcelona e, mais tarde, para Madrid. A sua veia artística era já bem evidente, levando-a a envolver-se em produções de música, dança, music hall e televisão. Contudo, a vocação que a tornaria célebre ainda não se havia materializado. É em 1991 que esse caminho começa a ser trilhado, quando Mísia decide voltar a Portugal, estabelecendo-se em Lisboa, determinada a construir um repertório próprio dentro do universo do fado.

Não esquecendo nunca a revelação que significou para si, na adolescência passada no Porto, o fado tradicional, Mísia sente, neste regresso a Portugal, que, ao invés de se apoiar em êxitos musicais dos artistas que admira, deve criar um repertório seu. Começa assim aquilo a que, segundo o jornalista e escritor Manuel Halpern, virá a chamar-se o Novo Fado.

Imbuída deste espírito de missão, Mísia contacta pessoalmente poetas e compositores, cantores-autores, fotógrafos, designers e estilistas portugueses, apresentando-lhes a sua visão do fado.

Entre os vultos da cultura nacional que aceitam escrever especificamente para a sua voz encontram-se os escritores Agustina Bessa-Luís, José Saramago, José Luis Peixoto, Lídia Jorge, Vasco Graça Moura, Mário Cláudio, Paulo José Miranda, Hélia Correia e Amélia Muge, bem como os músicos Jorge Palma, Vitorino e Sérgio Godinho, entre outros.

Numa altura em que tudo estava por fazer, no que toca à consagração do fado no mundo, já que fora de Portugal a única referência que o público tinha deste género musical era a da grande Amália Rodrigues, Mísia começa a conquistar o seu próprio espaço na canção nacional.

Durante anos a fio, consolida uma carreira nacional e internacional, actuando em palcos de grande prestígio mundial, com destaque para o Teatro Nacional de São Carlos, em Lisboa, o Town Hall de Nova Iorque, o Royal Theatre Carré de Amesterdão, o Teatro Maria Guerrero, em Madrid, o Palau de la Musica, em Barcelona, o Cour d’Honneur du Palais des Papes, em Avinhão, o Piccolo Teatro, de Milão e o Theatre Coccoon de Tóquio. Em Paris, deixa a sua marca em salas como o Olympia, o Thêatre des Bouffes du Nord (com programação de Peter Brook) a Cité de La Musique, contribuindo para o enriquecimento do fado dos nossos dias e para o seu reconhecimento. Durante esta caminhada, Mísia respeita a tradição, transportando-a, ao mesmo tempo, até à periferia de uma contemporaneidade, tanto na forma como no conteúdo.

Ao longo da sua carreira, sucedem-se os concertos memoráveis, tendo Mísia levado o fado a salas e festivais que nunca o haviam abraçado, como o Grande Auditório da Culturgest, em Lisboa, o Festival de Avignon, no Théatre du Châtelet, em Paris, a Berliner Philharmonie, em Berlim, o Arts Festival de Hong Kong e o festival WOMAD.

Na celebração dos sentimentos intemporais e universais, não só em português como em vários outros idiomas, Mísia é a cantora portuguesa que desperta maior culto internacional, vendo o seu trabalho reconhecido com críticas elogiosas nas mais relevantes publicações da imprensa mundial, como as revistas Billboard e Gramophone ou os jornais New York Times, Libération, Die Zeigt, The Washington Post e The Independent.

Com este seu fado “contemporâneo”, alcança grandes êxitos um pouco por todo o mundo e vê o seu talento musical ser reconhecido com a atribuição de vários prémios e condecorações: em Portugal é agraciada com a Medalha de Mérito e conquista o Prémio Amália Rodrigues na categoria Divulgação Internacional, em Itália ganha o Prémio Carossone e o Prémio de cinema Gilda e em França recebe a Medaille de Vermeil, a mais alta condecoração da cidade de Paris. Num país que sempre soube acolhê-la, é ainda nomeada Chevalier e, posteriormente, Officier de l’Ordre des Arts et des Lettres de la République Française.

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